sexta-feira, 8 de agosto de 2008

a grande teta

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Glorioso e venturoso instante na vida dum caracol... atómico!


A GRANDE TETA

O caracol atómico cruza o espaço a grande velocidade!
É mais um candidato. Há muitos milénios que, de tempos a tempos, surge alguém no universo a quem o Guardião-Mor reconhece o direito de... MAMAR NA GRANDE TETA!
Mas ao caracol atómico não foi reconhecido esse direito. É um infiltrado. Segue por conta própria. Arrisca a vida. E pensa:

— GAITA! É TUDO A MAMAR, TUDO A MAMAR, E EU? NÃO TENHO DIREITO A UM BOCADINHO? AH, MAS EU CHEGO LÁ! HEI-DE MAMAR TAMBÉM!

Aproxima-se velozmente da galáxia onde está a Grande Teta. Conta com a velocidade para fintar as barreiras de protecção. Mas os radares estão cada vez mais sofisticados. Na sala de controlo, um guardião apercebe-se de um ponto violeta no écran quadriculado. Dá o alerta:

— ATENÇÃO! AÍ VEM MAIS UM QUE QUER MAMAR!

O sargento da guarda lança no espaço uma equipa de interceptores. E capturam o caracol atómico, que nada consegue fazer para o evitar. Brutalmente, conduzem-no a uma cela, onde fica detido. O guardião, antes de fechar a porta da cela, tem ainda tempo para lhe dizer:

— SERÁS LEVADO AO GUARDIÃO-MOR. É ELE QUE DITARÁ A TUA SORTE. MAS FICA JÁ A SABER QUE, ATÉ HOJE, EM TODOS OS CASOS SEMELHANTES, A SENTENÇA FOI SEMPRE ATIRAR O INFRACTOR NO CALDEIRÃO DAS MOSCAS CARNÍVORAS.

No dia seguinte, os guardiães conduzem o caracol atómico à presença do Guardião-Mor.
O ambiente é pesado. O Guardião-Mor tira o dedo do nariz, levanta o braço e aponta para o caracol atómico:

— QUE SEJAS CONDENADO AO CALDEIRÃO DAS MOSCAS CARNÍVORAS. SERÁS DESTRUÍDO AMANHÃ DE MANHÃ, QUE HOJE NÃO ME APETECE. SAÍ TODOS!

Os guardiães levam o caracol atómico de novo para a cela, onde irá aguardar o cumprimento da sentença. Faz-se noite.
O caracol atómico, na cela, não pára de pensar. Tem que conseguir escapar esta noite. O silêncio é profundo. A cela não tem janelas, apenas uma porta. O guardião passa pelo corredor de vez em quando. E o caracol põe em prática o seu plano.
Começa a bufar-se. A cela começa a encher-se do cheiro das bufas. A pouco e pouco a nuvem de gás passa pela ranhura da porta.
O caracol não pára de se bufar. O cheiro torna-se insuportável. E é detectado pelo guardião que vem a passar outra vez. Sente o pivete, imobiliza-se junto à porta, e pensa:

— UM CHEIRO TÃO FEDORENTO SÓ PODE SIGNIFICAR QUE O MALANDRO, COM O CAGAÇO, SE ESTÁ A DESFAZER EM MERDA! JÁ NÃO VAI SOBRAR NADA PARA AS MOSCAS DO CALDEIRÃO!

O guardião abre a porta. O caracol atómico, entretanto, enquanto se peidava ia preparando o ataque.
Quando o guardião abre a porta e entra na cela, o caracol surge subitamente de trás daquela (velho truque!) e desfecha-lhe uma pancada no crânio com o penico que existia na cela para os presos se aliviarem de noite.
O contacto do pesado bacio de esmalte com o crânio do guardião ressoa pela cela. O guardião tomba pesadamente no chão. O caracol aguarda em silêncio para ver se surge alguém alertado pelo barulho. Nada. Devem estar todos a dormir. Tira a arma ao guardião, as chaves, tranca a cela e esgueira-se pelo corredor.
Andando um pouco à toa, vai dar a uma plataforma onde se encontram vários veículos planadores. Uma placa identifica-os como VAGT (Veículos de Acesso à Grande Teta), exactamente aquilo que ele necessita. Entra num deles, fá-lo funcionar, e arranca a planar pelo enorme tubo à sua frente. Saí do tubo para uma imensa sala no centro da qual se encontra... A GRANDE TETA! Os olhos arregalam-se!

—CONSEGUI! — pensa o caracol.

Imobiliza o veículo e dirige-se a pé à enorme escadaria que dá acesso ao glorioso e suculento mamilo que se encontra lá em cima. À medida que se aproxima, vultos saem das sombras e acercam-se dele.
O caracol sorri. Ali, naquele sítio, aqueles vultos só podem pertencer aos grandes mamões! A pouco e pouco começa a reconhecê-los: Hitler, Mussolini, Salazar, Staline, Kadhafi, Saddam, Cerejeira, Papa, Khomeini, Hirohito... Todos abrem alas e lhe sorriem, pensando estar na presença de um sucessor.
Começa a subir a escada degrau a degrau. A grande teta, lá no alto, túrgida, clama por ele!

— VEM MEU CARACOLINHO! VEM E MAMA TAMBÉM!

Atrás do caracol, todos sobem entoando cânticos e louvores:

— MAMA, MAMINHA, NA MINHA BOQUINHA! TETA, TETONA, NA MINHA BOCONA!

O caracol continua a subir. A teta está cada vez mais perto. Mas algo de estranho se passa. A bela e exuberante teta, vista de perto, parece rugosa e flácida.
O caracol aproxima-se mais. É verdade! A Grande Teta, afinal, está velha e gasta! O mamilo sujo e desbotado, as rugas por todo o lado, o aspecto velho e encardido...
A Grande Teta está velha! constata o caracol atómico. Afinal é uma ilusão. Não vale a pena continuar. Mamar, o quê? Leite azedo, se calhar! E volta-se para descer. Dá de caras com os grandes mamões, que lhe sorriem como zombies.
Inicia a descida e tenta furar mas eles procuram impedi-lo.

— SERÁS UM DE NÓS, QUER QUEIRAS QUER NÃO QUEIRAS! HÁS-DE MAMAR, NEM QUE SEJA A ÚLTIMA COISA QUE FAZES! VAIS LEVAR COM A TETA NAS BEIÇAS!

E tentam agarrá-lo. O caracol debate-se. Grita. Empurra e esmurra em todas as direcções. Os grandes mamões caem, mas levantam-se sempre. Finalmente consegue libertar-se, não sem antes perder alguma pele pelo caminho (e um dos cornos).
Corre para o VAGT, põe-o a funcionar, e dirige-se a velocidade crescente em direcção à cúpula envidraçada da sala. Atravessa-a, no meio do troar imenso da ruptura da cúpula, e penetra no espaço, onde se liberta do VAGT e aumenta de velocidade, em direcção ao sol, em direcção à liberdade.
Atrás dele, ecoam os gritos dos grandes mamões:

— MAMAREMOS PARA SEMPRE! VIVA A MAMADA! VIVA A GRANDE TETA!

Entretanto, no posto da guarda, diz o guardião do radar:

— O MALANDRO CONSEGUIU ESCAPAR!

Responde o sargento:

— ELE QUE VÁ MAMAR P'RA OUTRO LADO!

E o caracol, feliz, lá continua em grande velocidade a cruzar o espaço:

— PORRA, JÁ ME SAFEI!


Oeiras, 09 Dezembro 2002
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2 comentários:

Rosa Brava disse...

Pois é... nunca ouviste dizer que quem não mama em pequenino mama depois de grandinho? eheheh

Bem contada ;)))

Unknown disse...

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HA HA HA...

Conheço é a outra: Quem não chora não mama! :)

bjs

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