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REVELAÇÃO
Era uma noite negra como breu. A lua estava nova como uma virgem intocada e o denso manto de nuvens ocultava as pálidas estrelas.
Apenas uma ténue, muito ténue, claridade permitia distinguir a longa língua negra sobre a qual caminhava, das bermas densas mais e menos escuras aqui e ali que a bordejavam.
Saíra do seu canto há já um bom par de horas em busca do sinal revelador que há anos procurava. Estava prenhe de fé. Duma fé absolutamente inabalável. Sentia que a revelação estava para breve. Para muito breve.
O cansaço fazia já efeito nas suas pernas, através duma dor aguda que descia por elas abaixo. Mas tentava não pensar nisso e continuava na sua caminhada.
Súbito, numa volta do caminho, viu o sinal. Finalmente! A tão ansiada revelação atingiu o íntimo do seu ser. Inundou-o como um oceano quente e doce.
O sinal, uma aura luminosa, cresceu desmesuradamente à frente dos seus esperançosos olhos e ele, acelerando o passo na sua direcção, gritou:
— EU VEJO A LUZ! EU VEJO A LUZ!
Não teve foi tempo para o relatar a ninguém.
O pesado camião TIR atingiu-o em cheio e continuou viagem, sem se deter.
Oeiras 14 Março 2009
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6 comentários:
Excelente humor negro:)
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Olá Wind,
Grato pela visita e pelo comentário.
Ainda bem que gostaste.
Volta sempre.
bjs,
Z.
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Eh,eh...gostei!!!
Jinhos
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Olá Maria Clarinda,
:)
Atão como vai a Poesia? Rimando? :)
Grato pela visita
bjs
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muito bom. excelente humor negro.
um grande abraço
jorge vicente
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Olá jorge,
humor negro é um género que sempre me agradou.
Estou a tentar fazer algumas coisas nesse sentido.
E o que eu me rio enquanto escrevo... eheh
Abraço,
Z.
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